Meus últimos 10 dias foram cheios de aventuras, tanto profissionais quanto pessoais. Fui para Recife para uma reunião relâmpago. Não vi a cor da praia, e quase que a reunião não acontece. Ontem fui para o Rio entregar uns documentos. Vi o mar, obviamente, mas não entreguei os documentos. Duas horas depois de ter pousado no Rio eu já estava levantando vôo novamente.
Além disso, paquerei, dancei, conheci novos lugares. Me diverti muito, como há muito tempo não fazia. Encantei um aprendiz de ogro-sexual de 18 aninhos, e me encantei com um ogro-sexual músico. Ou seja, em menos de 4 horas, passei de tia para tiete.
Mas hoje passo por aqui para deixar uma outra mensagem, que me tocou muito, e que vai de encontro com o que tenho passado durante meus ultimos 31 anos.
NORMOSE
Entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, sobre uma palavra inventada por ele que me pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de normose, a doença de ser normal .
Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito 'normal' é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Bebe socialmente, está de bem com a vida, não pode parecer de forma alguma que está passando por algum problema.
Quem não se 'normaliza', quem não se encaixa nesses padrões, acaba adoecendo.
A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento.
A pergunta a ser feita é: quem espera o quê de nós? Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?
Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha 'presença' através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, sejam lá quem forem todos. Melhor se preocupar em ser você mesmo. A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar?
Freqüentar terapeuta para bater papo?
Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta. Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim, aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo.
Criaram o seu 'normal' e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original. Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude.
E uma vida fraudulenta faz sofrer demais. Eu simpatizo cada vez mais com aqueles que lutam para remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera.
Para mim são os verdadeiros normais, porque não conseguem colocar máscaras ou simular situações. Se parecem sofrer, é porque estão sofrendo. E se estão sorrindo, é porque a alma lhes é iluminada.
Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.
José Hermógenes de Andrade Filho, mais conhecido como Prof. Hermógenes, é um escritor, filósofo, poeta, terapeuta, professor e divulgador brasileiro de hatha ioga. É fundador da Academia Hermógenes de Yoga.
Volto para fazer somente um comentário: mais uma vez, assuma seu lado ogro! Seja você mesmo!beijos para você!